Uma
pesquisa realizada durante seis anos e divulgada nesta terça-feira (3) mostrou
que Santa Catarina tem 48% mais casos de doenças no trabalho do que a média
nacional. O estudo foi feito a partir da análise de benefícios previdenciários
concedidos no período de 2005 a 2011. A pesquisa foi apresentada na Assembleia
Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Feito por
pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade
do Vale do Itajaí (Univali), o estudo revela o perfil de adoecimentos de
trabalhadores nas 15 mais importantes atividades econômicas do estado.
Verificou-se que 38% de todas as ocorrências são oriundas de dez patologias,
relacionadas aos ossos, músculos e transtornos mentais.
Entre as
atividades em que foi observado um maior número de adoecimentos, a primeira foi
a do setor frigorífico. Segundo a pesquisa, 39% dos trabalhadores tiveram
benefícios previdenciários concedidos no período do estudo. Eles tiveram uma
média de 169,8 dias de afastamento e os trabalhadores, uma média de 37 anos.
No setor
de confecção de peças de vestuário, 37% dos empregados receberam benefícios previdenciários.
Os trabalhadores tem uma média de idade de 39 e 40 anos. Eles ficam, em média,
146,82 dias afastados. Em seguida, o setor de comércio varejista, em especial
os supermercados, com 31% dos trabalhadores tendo se afastado em algum momento.
A idade média dos empregados que receberam os benefícios é de 37 anos. Por fim,
o setor de atendimento hospitalar teve 33% dos trabalhadores afastados, com uma
idade média de 42 anos.
Ministério
Público do Trabalho
O
procurador do Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT SC) Sandro
Eduardo Sardá, que acompanhou a pesquisa, afirmou que "nós ficamos
extremamente preocupados". Ele enfatizou que "Santa Catarina tem uma
economia forte, uma indústria sólida e isso não vem se refletindo no indicativo
de saúde dos trabalhadores". Ele acredita que os números sejam
consequência do tipo de economia desenvolvida no estado. "Muitas
atividades repetitivas", explicou ele.
Para o
procurador, as principais causas para o adoecimento dos empregados estão
relacionadas à alta jornada de trabalho, sobrecarga de peso, ritmo intenso e
locais inadequados para a prática ocupacional, como mobiliário inapropriado. Os
transtornos mentais estão relacionados a metas abusivas, assédio moral, pressão
do tempo, monotonia e falta de sentido no trabalho.
"A
ideia é que as entidades públicas adotem políticas adequadas de prevenção e
promoção da saúde", opinou o procurador. Para ele, é preciso que essas
instituições investiguem e fiscalizem as atividades econômicas com mais
afastamentos para assegurar uma estrutura para recuperar o trabalhador.
G1 SC
http://www.diarioaltovale.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=4817
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