quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Santa Catarina tem 48% mais doenças no trabalho do que o resto do país



Uma pesquisa realizada durante seis anos e divulgada nesta terça-feira (3) mostrou que Santa Catarina tem 48% mais casos de doenças no trabalho do que a média nacional. O estudo foi feito a partir da análise de benefícios previdenciários concedidos no período de 2005 a 2011. A pesquisa foi apresentada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

Feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o estudo revela o perfil de adoecimentos de trabalhadores nas 15 mais importantes atividades econômicas do estado. Verificou-se que 38% de todas as ocorrências são oriundas de dez patologias, relacionadas aos ossos, músculos e transtornos mentais.

Entre as atividades em que foi observado um maior número de adoecimentos, a primeira foi a do setor frigorífico. Segundo a pesquisa, 39% dos trabalhadores tiveram benefícios previdenciários concedidos no período do estudo. Eles tiveram uma média de 169,8 dias de afastamento e os trabalhadores, uma média de 37 anos.

No setor de confecção de peças de vestuário, 37% dos empregados receberam benefícios previdenciários. Os trabalhadores tem uma média de idade de 39 e 40 anos. Eles ficam, em média, 146,82 dias afastados. Em seguida, o setor de comércio varejista, em especial os supermercados, com 31% dos trabalhadores tendo se afastado em algum momento. A idade média dos empregados que receberam os benefícios é de 37 anos. Por fim, o setor de atendimento hospitalar teve 33% dos trabalhadores afastados, com uma idade média de 42 anos.

Ministério Público do Trabalho
O procurador do Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT SC) Sandro Eduardo Sardá, que acompanhou a pesquisa, afirmou que "nós ficamos extremamente preocupados". Ele enfatizou que "Santa Catarina tem uma economia forte, uma indústria sólida e isso não vem se refletindo no indicativo de saúde dos trabalhadores". Ele acredita que os números sejam consequência do tipo de economia desenvolvida no estado. "Muitas atividades repetitivas", explicou ele.

Para o procurador, as principais causas para o adoecimento dos empregados estão relacionadas à alta jornada de trabalho, sobrecarga de peso, ritmo intenso e locais inadequados para a prática ocupacional, como mobiliário inapropriado. Os transtornos mentais estão relacionados a metas abusivas, assédio moral, pressão do tempo, monotonia e falta de sentido no trabalho.

"A ideia é que as entidades públicas adotem políticas adequadas de prevenção e promoção da saúde", opinou o procurador. Para ele, é preciso que essas instituições investiguem e fiscalizem as atividades econômicas com mais afastamentos para assegurar uma estrutura para recuperar o trabalhador.
G1 SC
http://www.diarioaltovale.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=4817

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